Microbioma – Por que precisamos das bactérias

microbioma

Um velho ditado diz que o caminho do coração é pela barriga. O caminho para a saúde plena é pelo mesmo lugar. Nosso organismo inteiro, mas principalmente nosso aparelho digestivo, é o lar de trilhões e trilhões de bactérias, vírus e fungos que trabalham em colaboração com nossas células. Eles são vitais em absolutamente todos os processos químicos que nosso corpo executa diariamente. As bactérias foram a primeira forma de vida no planeta terra, centenas de milhões de anos antes de evoluirmos para organismos mais complexos. Graças aos micróbios temos o ciclo de carbono (animais comem plantas e exalam CO2, plantas absorvem CO2 e exalam O2) que gerou uma atmosfera com oxigênio. Sem estes processos não haveria vida na terra!

Antes da descoberta (acidental) da penicilina por Alexandre Fleming em 1928, mortes por infecções bacterianas eram extremamente comuns. Acreditávamos que todas as bactérias eram nocivas para a saúde. Na realidade, apenas 1.415 espécies, ou 1% do total de espécies de microrganismos conhecidos existentes, são patogênicas e representam ameaça para a nossa saúde. Hoje sabemos que temos bactérias boas, ruins e neutras dentro de nós e na nossa pele e que isso é normal desde que a população de bactérias boas seja pelo menos 6 vezes maior do que a de bactérias ruins. Mesmo assim, muitas pessoas ainda pensam que todos os tipos de bactérias são ruins e haja álcool gel para desinfetar tudo o dia inteiro. Mães de primeira viagem são especialmente vulneráveis a este equívoco. Ao esterilizarem todos os lugares por onde o bebê passa e tudo que ele pega, acabam por impedir que ele desenvolva um microbioma diverso. Quanto mais diversidade existir em nosso microbioma melhor será nossa saúde como um todo e mais forte nosso sistema imunológico.  

Além do excesso de limpeza, o uso indiscriminado de antibióticos também gerou problemas praticamente irreversíveis em toda cadeia alimentar e consequentemente em nossa saúde, como a deficiência em vitamina B12. Antigamente conseguíamos obter a B12 comendo alimentos colhidos da terra, bebendo água dos rios ou comendo carnes, pois tanto nós quanto os animais produzíamos a vitamina com a ajuda das bactérias existentes no solo e na água. Hoje, com a quantidade de químicos antibióticos no solo e na água temos que suplementar até a alimentação dos animais de abate com vitamina B12.

Nos últimos 10 anos houve enormes avanços em pesquisas sobre o nosso microbioma intestinal, a população de microrganismos dentro do nosso intestino, onde há a maior concentração e variedade de micróbios. Ainda temos muito que descobrir, mas sabemos que cada pessoa tem um microbioma único, com milhares de espécies bacterianas, que está sempre sujeito a influências externas. Sabemos também que podemos melhorar a saúde do nosso microbioma comendo uma quantidade enorme de plantas. As plantas são os únicos alimentos que contêm fibras, que nossos bichinhos precisam para fermentar e produzir químicos e moléculas que não conseguimos produzir sozinhos e com funções importantes como nos defender de vírus e germes malignos, digerir alimentos e produzir milhões de nutrientes. A alimentação rica em plantas garante que nosso ecossistema interno contenha diversidade e impede que a população de micróbios malignos ultrapasse a população de micróbios bons. Um desequilíbrio, ou disbiose intestinal, pode ser o ponto de partida para o surgimento de inflamação e de uma série de distúrbios e doenças, a começar pela prisão de ventre. De acordo com os achados da pesquisa “The Human Microbiome Projet” (maior estudo observacional do microbioma que já dura mais de 10 anos), devemos comer pelo menos 30 tipos diferentes de verduras e frutas por semana para alimentar e melhorar a diversidade de nossos microorganismos.

Além de uma dieta pobre em plantas, estes são os outros maiores inimigos do nosso microbioma: 

  1. açúcar, massas e frituras – todos os quais viram açúcar dentro de nós – são os alimentos preferidos das bactérias ruins que com estes alimentos proliferam-se mais rápido e podem tirar as bactérias boas de circulação.  O professor de genética Tim Spector colocou seu próprio filho adulto numa dieta de junk food repleta de açúcar, farinha branca e frituras por 1 semana. Descobriu que o filho perdeu aproximadamente 1/3 das espécies de bactérias em seu microbioma, incluindo várias boas, enquanto aumentou a população de uma bactéria ruim especificamente ligada ao ganho de peso.  
  2. alimentos industriais processados e cheios de aditivos químicos e corantes artificiais, pois além de alimentarem as bactérias ruins podem destruir as boas.
  3. soja, milho e seus derivados se não forem orgânicos são geneticamente modificados e repletos de antibióticos como o glifosato que detonam nossa flora intestinal 
  4. glúten contém lectinas que se alojam entre as células do intestino e tendem a causar inflamação e disbiose intestinal
  5. bebidas alcóolicas e antibióticos, que detonam as bactérias boas junto com as ruins
  6. consumo excessivo de carnes e derivados de animais também pode ser um problema, pois geralmente são lotadas de antibióticos, são difíceis de digerir e não contêm fibras alimentares
  7. água da torneira é tratada com diversos químicos – inclusive cloro – que podem ter efeito devastador para o nosso microbioma.  Além disso, todos os antibióticos que as pessoas tomam e eliminam pela urina, voltam para o sistema de água que abastece nossas casas! Manter-se hidratado é primordial para a saúde do microbioma e do organismo em geral, porém a qualidade da água que bebemos é importante para que esta estratégia não se vire contra nós. Invista em um bom filtro ou beba água mineral. Hidrate-se também com sucos de verduras (sem fruta) e água de coco, mas somente se forem frescos e vivos como os da Urban Remedy. Suco e água de coco de caixinha ou de longa validade não! Estas bebidas são águas estruturadas com alto poder de hidratação além de diversos nutrientes.
  8. o sedentarismo, estresse e o sono insuficiente também são inimigos das bactérias do bem por interferirem com nosso ritmo circadiano. 

Somos hospedeiros e estamos rodeados de uma quantidade de micróbios incomensurável, e estamos apenas começando a entender os efeitos deles em nós. Até onde sabemos, como você já deve ter percebido, as mesmas coisas que sempre soubemos que fazem mal à saúde, também prejudicam nosso microbioma. As recomendações alimentares gerais para termos saúde plena e imunidade alta são as mesmas para termos um microbioma diverso. A saúde de nossas células humanas depende de nosso microbioma pois nossas células trabalham em conjunto com microorganismos. Cada vez que nos alimentamos devemos pensar se estamos nutrindo nossas células e microorganismos ou apenas enchendo nosso estômago de calorias   vazias. O consumo de muitas e muitas plantas é a chave comprovada do sucesso. A cada refeição, temos a oportunidade de construir ou destruir nossa saúde. A escolha é nossa.  

Curiosidades científicas sobre os microrganismos.

● Nosso corpo tem 30 trilhões de células humanas e de 30 a 50 trilhões de células bacterianas. Se excluirmos os glóbulos vermelhos (85% das nossas células que são apenas recipientes de hemoglobina e não células com todo o maquinário normal como núcleo e mitocôndrias) nosso número de células humanas cai para 4.5 trilhões e temos entre 7 e 10 células bacterianas para cada célula humana.

● Temos aproximadamente 20,000 genes em nossas células humanas e mais de 20,000,000 de genes de bactérias em nosso organismo. Ou seja, do ponto de vista genético, nosso organismo é apenas 1% humano.

● Nossos genes são os mesmos a vida toda, já as bactérias são capazes de trocar genes entre elas e até de pegar genes de bactérias mortas. Os genes de bactérias também sofrem mutações frequentes e se reproduzem com uma rapidez alucinante. A bactéria patogênica E. Coli pode reproduzir-se 72 vezes em um dia, ou seja, em 3 dias elas criam mais gerações do que a espécie humana inteira criou desde o início da nossa história.

● Um beijo na boca transfere um bilhão de bactérias de uma boca para a outra.

● Somos hospedeiros para aproximadamente 40,000 espécies de micróbios: 900 nas narinas, 2.100 na boca, 36,000 no intestino.

● Pessoas magras têm mais micróbios do que pessoas gordas e o peso aproximado de todos os nossos micróbios é por volta de 1.5 Kg.

● Vírus estão por toda a parte, dentro e fora de nós. Um litro de água do mar contém aproximadamente 100 bilhões de vírus. Se enfileirássemos todos os vírus do oceano o comprimento seria de 10 milhões de anos luz.  Vírus podem ficar adormecidos por 30.000 anos e voltar a funcionar como se nada tivesse acontecido.

● O método mais eficiente de transferência de germes é uma combinação de nota de dinheiro com um pingo de mucosa nasal. O vírus da gripe sobrevive 2 semanas e meia em uma nota de dinheiro com um pingo de secreção nasal. Sem a secreção nasal o vírus morreria em poucas horas.

● Germes sobrevivem muito mais tempo no rolo de papel higiênico (são lançados lá com a descarga) do que no assento da privada. Também sobrevivem muito mais tempo nos assentos e alças plásticas no metro do que nas barras de aço de apoio. Mesmo assim um vírus em uma maçaneta, em apenas 4 horas já estará presente no prédio inteiro e em todos os equipamentos compartilhados como máquinas de fotocópia e café.

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