Por que os homens vão diminuir o consumo de carne após assistirem ao filme Game Changers

Três semanas atrás, deixei meu filho de 13 anos em um jantar com os amigos e voltei para casa para fazer hora para buscá-lo. Era sábado a noite e encontrei no Apple TV o Game Changers, um documentário que fazia quase um ano que estava esperando para assistir, pois o tema – a melhora no desempenho atlético com uma dieta vegana / plant based – é um dos que mais me interessa. Convidei meu marido para assistir mas ele não se interessou, continuou entretido no celular.
Game Changers constrói uma tese baseada em depoimentos de atletas de elite – de ciclistas a recordistas mundiais de levantamento de peso – que superaram seus limites físicos, venceram torneios olímpicos e bateram recordes em suas modalidades, após transacionarem para uma dieta plant-based, completamente na contramão de todas as crenças populares sobre o papel da proteína animal no desempenho atlético.

A narrativa é apoiada por depoimentos médicos de diversas especialidades, pesquisas cientificas e gráficos comparativos que facilitam muito a compreensão do tema. O filme desmente praticamente TODOS os mitos persistentes sobre o vegetarianismo e demonstra cientificamente a superioridade da dieta plant-based para garantir maior desempenho atlético, recuperação física e virilidade. Além disso, comprova a ancestralidade desta dieta, contrário às crenças populares de que nossos antepassados paleolíticos eram predominantemente carnívoros.
Eu parei de comer carne há 30 anos por compaixão aos animais mas logo percebi todos os ganhos que tive na minha saúde e nunca mais parei de estudar este assunto. Quando tirei as carnes do prato, e aumentei radicalmente meu consumo de verduras, imediatamente notei uma melhora absurda no meu nível de energia, na minha imunidade e na minha digestão. Tenho hoje 47 anos e tenho muita facilidade para desenvolver e manter massa muscular fazendo apenas 20 minutos de yôga por dia. Minha resistência física quando surfo ou faço trilhas, é superior à de muitos jovens.
Mesmo assim, santo de casa não faz milagre e nunca consegui convencer meu marido, carnívoro inveterado, a comer menos carne. O bicho realmente pegou, quando resolvi que não daria carne de nenhum tipo ao nosso primeiro filho, 12 anos atrás. Foram brigas sem fim, durante anos. Ouvi dele e de todos os que souberam da minha “insanidade”, todos os mitos populares sobre os vegetarianos fracotes e sobre a soberania da proteína animal, que o Game Changers naquele momento, lindamente tratava de desbancar, enquanto meu marido agora com o celular de lado, assistia mudo, sem piscar.
No meio do filme, meu filho telefonou para eu ir buscá-lo e deixei meu marido em casa assistindo Game Changers sozinho. Mal sabia eu que estava a caminho de buscar um adolescente ex-vegetariano que acabara de jantar um “rib-eye” – corte de carne flintstoniano – com os amigos. Mal abrimos a porta de casa, ouvimos meu marido gritar “de hoje em diante não como mais carne!!!”
E simplesmente assim, durante uma sessão de Game Changers o jogo realmente mudou na minha casa. Um ciclo de 13 anos se encerrou com os polos completamente invertidos. O vegetariano (por opção dele mesmo, pois eu só não dei carne para ele até os 3 anos de idade, depois encorajei-o a experimentar de tudo, sem sucesso, para não passar por chato na casa dos outros, quando não há outras opções) resolveu comer carne e o carnívoro declarou-se vegetariano.
Diga-se de passagem, que meu ex-vegetariano de 13 anos tem energia e resistência física de dar inveja. Acorda pulando da cama e só apaga na hora de dormir. Na escola, pratica todos os tipos de esporte e da classe inteira, é o que corre mais rápido e também o que consegue correr por mais tempo. Nunca precisou tomar antibiótico, anti térmico, ou qualquer outro remédio, com exceção de bronco-dilatador (leve alergia a poeira). Eu atribuo este sucesso à uma alimentação MUITO rica em uma variedade enorme de plantas. Na nossa casa sempre teve peixe e também carne e frango, sempre orgânicos, 3-4 vezes por semana para os carnívoros (marido e filha). Mesmo assim, todas as refeições sempre foram plant-based, com 6-8 tipos de verduras cruas e cozidas alem de grãos e leguminosas a vontade. E assim vamos seguir.
No dia seguinte de manhã acordei cedo para terminar de assistir ao Game Changers. Queria entender que parte do filme havia entrado na mente do meu marido a ponto de faze-lo mudar tão radicalmente de opinião. Afinal, ao longo dos anos eu mesma já havia compartilhado com ele muitos das lições do filme e ele observou de perto o sucesso da alimentação vegetariana do nosso filho.
O momento da “conversão” do meu marido, creio eu, veio na segunda metade do filme, quando o Dr. Aaron Spitz Chefe Associação Americana de Urologia e autor do livro The Penis Book, faz uma experiencia com três atletas universitários. Colocou sensores no pênis dos atletas e monitorou a firmeza e a frequência das ereções que eles tiveram durante a noite. Na primeira noite, serviu aos atletas um jantar com carnes orgânicas de alta qualidade. Na segunda noite, serviu um jantar vegano. O resultado? Na noite em que comeram uma refeição vegana os três atletas tiveram aumento de até 13% na firmeza / circunferência das ereções e o tempo em que ficaram eretos durante a noite aumentou em até 477%!
Palavras do Dr. Spitz: “Quando pensamos e um homem “macho”, pensamos em alguém com força, resistência física, potencia sexual e fertilidade. Estudos científicos comprovam que quanto mais carne os homens comem, mais rapidamente eles perdem estas características de “macheza”.
Pelo menos na minha casa, falar que uma dieta plant based aumenta imunidade, longevidade, nível de energia e previne doenças crônicas não chamou a atenção do meu marido, assim como vejo que não chama a atenção da maioria dos homens atléticos como ele. Agora, quando o desempenho atlético e a virilidade estão em jogo, aí sim temos a chance de ter um “game change”.

Se você pretende assistir ao documentário Game Changers, pare de ler, pois daqui para frente tem spoilers. Vamos explicar alguns dos mitos sobre alimentação plant based que o filme desmente!

MITO ou VERDADE #1: Vegetarianos não conseguem consumir proteínas em quantidade suficiente.
FALSO. Um estudo enorme comparando o consumo de proteína de carnívoros e vegetarianos, demonstra que em média, os vegetarianos não somente consomem proteínas o suficiente, mas adquirem 70% a mais do que eles precisam. Até os carnívoros recebem metade de suas proteínas das plantas.
Todas as proteínas que você adquire quando come um bife, vem das plantas que a vaca comeu. Toda a proteína animal que comemos, tem origem nas plantas. Os animais são apenas intermediários, pois a fonte de toda a proteína esta nos vegetais que os porcos, vacas e galinhas consomem.

MITO ou VERDADE #2: Proteínas plant based são de qualidade inferior às proteínas animais, pois não são “completas”
FALSO. Proteínas são cadeias de amino ácidos. TODAS as plantas contém TODOS os amino ácidos essenciais (aqueles que nosso corpo não produz e precisamos adquirir nos alimentos ) em diferentes proporções. Quando o assunto é construir força física e massa muscular, pesquisas científicas comparando proteína animal e vegetal demonstram que se a quantidade de amino ácidos consumida for suficiente, a fonte destes aminoácidos é irrelevante.

MITO ou VERDADE #3: Homens que comem carne são mais viris.
FALSO. Frases com “bife é comida de homem” ou “homem de verdade come carne” são marketing puro. Dr. Aaron Spitz Chefe Associação Americana de Urologia e autor do livro The Penis Book, faz uma experiencia com três atletas universitários. Colocou sensores no pênis dos atletas e monitorou a firmeza e a frequência das ereções que eles tiveram durante a noite. Na primeira noite, serviu aos atletas um jantar com carnes orgânicas de alta qualidade. Na segunda noite, serviu um jantar vegano. O resultado? Na noite em que comeram uma refeição vegana os três atletas tiveram aumento de até 13% na firmeza / circunferência das ereções e o tempo em que ficaram eretos durante a noite aumentou em até 477%!

Segundo Dr. Spitz: “Quando pensamos e um homem “macho”, pensamos em alguém com força, resistencia física, potencia sexual e fertilidade. Estudos científicos comprovam que quanto mais carne os homens comem, mais rapidamente eles perdem estas características “macheza”

MITO ou VERDADE # 4: Vegetarianos não conseguem manter níveis altos de testosterona.
FALSO: Estudos indicam que não há diferença no nível de testosterona entre vegetarianos e carnívoros. Mas e os estrogênios na soja? A soja não eleva o estrogênio? NÃO. Soja contem fito estrogênios, compostos que parecem com estrogênio mas tem na verdade efeito contrário. Eles bloqueiam nossos receptores de estrogênio e impedem os verdadeiros estrogênios de se acoplarem.

Na realidade, os alimentos que contém mais estrogênio são frango, ovos e leite. Estes sim podem ter impacto significativo em nossos níveis de hormônios. Beber leite de vaca aumenta o estrogênio em homens em ate 26% em uma hora e diminui testosterona em 18%.

Outro hormônio associado ao alimento é o cortisol, hormônio do estresse ligado à redução de massa muscular e aumento de gordura corporal. Pessoas que substituem alimentos animais por vegetais diminuem o cortisol em 27%.

MITO ou VERDADE # 5: Precisamos de proteína animal para construir massa muscular.
FALSO. Uma pesquisa de levantamento de peso de 8 semanas demonstrou que os atletas que consumiram uma quantidade elevada de carboidratos construíram 1.3 kg a mais de músculos do que os que comeram mais proteína animal. Alem disso, os que comeram baixo carbo PERDERAM massa muscular. O consumo de carboidratos integrais como aveia,banana e batata doce diminuem gordura corporal e favorecem massa muscular.

Análise dos ossos dos gladiadores romanos, os homens com o mais alto nível de treinamento físico e acesso aos melhores cuidados médicos na época, comprovou que estes fortíssimos lutadores eram predominantemente vegetarianos.

MITO ou VERDADE #6: A vitamina B12, fundamental para a nossa saúde, só existe em proteínas animais.
FALSO. Quem produz vitamina B12 são as bactérias que os animais consomem no solo e na água. Assim como a proteína, que se origina nas plantas que o animal come, o animal e apenas o portador e não originador do nutriente. Antes da agricultura industrial, animais e humanos adquiriam B12 em traços de terra nas plantas e nas águas de rios. Recentemente, devido aos pesticidas, antibióticos e cloro que matam as bactérias que produzem B12, até os animais de fazenda precisam de suplementos de B12. Aproximadamente 39% de pessoas testadas, incluindo os carnívoros, tem baixo nível de vitamina B12. Portanto o melhor jeito de adquirir B12 e tomar um suplemento.

MITO ou VERDADE # 7: Nossos ancestrais evoluíram comendo muita carne, portanto carne sempre foi o nosso alimento ideal.
FALSO.  Veja o que tem a dizer a Dra. Christina Warriner geneticista arqueológica Instituto Max Planck:
“Com novas tecnologias reexaminamos os dentes, ossos e ferramentas dos homens antigos e podemos comprovam cientificamente que eles eram praticamente vegetarianos. A razão disso é que humanos não possuem nenhuma adaptação especializada genética, fisiológica ou anatômica para o consumo de carne. Em contraste, temos muitas adaptações para o consumo de plantas:

  1. “Temos intestinos muitos mais longos que os carnívoros para digerir as fibras das plantas que requerem mais tempo de processamento.“ 
  2. “Não temos capacidade de produzir vitamina C, que é fundamental para a saúde. Vitamina C é encontrada exclusivamente nas plantas e o fato de que não conseguimos produzi-la em nosso organismo indica o quanto fomos e somos dependentes das plantas em nossa dietas.”
  3. “Temos visão tricromatica, bem diferente dos carnívoros que tem visão dicromática. Nós podemos enxergar mais cores e isso é muito importante, especialmente se precisamos encontrar frutas frescas e maduras.”

“Além disso, registros arqueológicos tendem a apontar falsamente em uma direção.Fósseis de ossos e ferramentas de pedra se preservam muito bem com o passar dos anos e o fato de termos encontrado apenas estes tipos de fosseis nos levou a acreditar que o homem antigo era predominantemente carnívoro. As plantas se decompõem muito rapidamente por isso nunca foram vistas em sites arqueológicos. No entanto, na última década, com ferramentas e tecnologia mais avançadas, descobrimos que fragmentos e fosseis microscópicos de plantas também se preservam muito bem, então revisitamos sites arqueológicos paleolíticos onde no passado encontramos apenas ossos e ferramentas de pedra e estamos encontrando evidencias abundantes da presença de plantas.”

MITO ou VERDADE #8 Nosso cérebro só evoluiu e cresceu devido ao consumo de carne.
FALSO. Dr. Mark Thomas, Geneticista University College Londres: “Temos um cérebro que é desesperado por glicose. É um órgão exigente, não aceita outras fontes de energia. Carne não é uma fonte muito boa de glicose. Para termos um cérebro grande como o nosso, tivemos que comer glicose e o jeito mais eficiente de conseguir glicose foi comendo carboidratos, como frutas e verduras.

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