O que você come afeta sua produtividade

Ron Friedman – Harvard Business Review

 

Pense no seu dia de trabalho mais produtivo na última semana. Agora pergunte a si mesmo: Naquela tarde, o que comi de almoço?

 

Quando pensamos nos fatores que contribuem para o bom desempenho no local de trabalho, raramente consideramos nossos alimentos.  Para aqueles de nos batalhando para responder a todos os e-mails, participar de reuniões e cumprir metas, o alimento é simplesmente combustível.

 

Porém, na realidade, esta analogia é errônea. Os alimentos que comemos nos afetam muito mais do que percebemos. Você pode esperar o mesmo desempenho do seu carro independente da marca da gasolina no seu tanque. O alimento é diferente. Imagine um mundo em que abastecer em um determinado posto significa evitar todo o trânsito, enquanto abastecer em outro posto significa que seu carro não vai andar mais rápido do que 20 km/hora. Neste caso, o posto no qual você abastece faria sim muita diferença.

 

O alimento tem impacto direto em nosso desempenho cognitivo, por isso uma má decisão no almoço, pode atrapalhar sua tarde inteira no trabalho.

 

Isso acontece pois praticamente tudo que comemos nosso corpo converte em glicose, que fornece energia que o nosso cérebro precisa para estar alerta. Quando estamos com nível de glicose baixo, temos dificuldade em concentrar e nossa atenção fica dispersa. Isso explica por que é tão difícil concentrar quando estamos de estomago vazio.

 

Até agora, falamos o óbvio. Agora aqui está a parte que raramente consideramos: Nem todos os alimentos são processados pelo nosso organismo na mesma velocidade. Alguns alimentos, como massas, pães, cereais e refrigerantes liberam glicose rapidamente, causando um pico de energia, seguido de uma queda de energia. Outros alimentos com alto nível de gordura (um cheeseburguer por exemplo), fornecem energia de longa duração, porém requerem que nosso aparelho digestivo trabalhe pesado, reduzindo o nível de oxigênio no cérebro e deixando-nos grogue.

 

A maioria de nós intuitivamente sabe destas coisas, mas mesmo assim nem sempre fazemos decisões inteligentes em nossa dieta. Em parte, porque estamos em nosso ponto mais baixo de energia e autocontrole quando decidimos o que comer. Batata frita e queijo gratinado são muito mais apetitosos quando estamos mentalmente drenados de energia.

 

Alimentos ruins para a saúde também tendem a ser mais baratos e mais rápidos do que alternativas saudáveis, o que os faz muito mais atraentes na correria do dia de trabalho. Eles parecem ser mais eficientes. Por isso nossas más decisões no almoço nos levam para o caminho errado. Economizamos 10 minutos agora e pagamos com mau desempenho durante o restante do dia. 

 

O que fazer então? Possuir esta informação não é o suficiente para nos motivar a mudar. A maioria de nós sabe muito bem que engolir uma mistura de ossos e carcaça de galinha processada não é uma boa opção de vida. Mas isso não faz um nugget de frango menos delicioso.

 

Não precisamos de mais informação e sim de um plano de ação que faça a alimentação saudável ser mais acessível durante o dia. Aqui estão algumas estratégias baseadas em pesquisas cientificas:

 

Decida o que vai comer antes de ficar com fome. Se vai sair para almoçar, escolha onde vai de manhã e não as 12:30 hs. Se vai de delivery, decida o que vai pedir após um lanche no meio da manhã. Estudos demonstram que somos muito melhores em resistir sal, calorias e gorduras no futuro do que no presente.

Ao invés de deixar sua glicose chegar a zero próximo ao horário de almoço, seu desempenho será melhor se você comer menos e mais frequentemente durante o dia. Picos e quedas de glicose no sangue são ruins para a produtividade e para o cérebro. Refeições menores e mais frequentes mantém sua glicose em níveis mais consistentes, ao invés de deixa-lo dependente de uma quantidade massiva de comida no almoço.

 

Facilite o seu consumo de snacks saudáveis. Coloque um recipiente com amêndoas e uma seleção de barrinhas de proteína saudáveis ao lado do seu computador, perto da sua linha de visão. Faça uma assinatura de alimentos saudáveis. Traga frutas para seu escritório na segunda-feira suficiente para durar a semana toda.

 

É ambicioso levar frutas para o escritório? Para muitos de nós sim. Mas temos motivos para acreditar que este esforço é mais do que justificado

 

Pesquisas indicam que alimentar-se de frutas e verduras durante o dia é bom não somente para o corpo – beneficia também o cérebro. Uma pesquisa no British Journal of Health Psychology (Julho 2014) descreve a extensão da influência dos alimentos em nosso dia a dia.

 

Nesse estudo, participantes reportaram seu consumo de alimentos, humor e outros comportamentos durante um período de 13 dias. Pesquisadores examinaram a maneira que as escolhas alimentares das pessoas influenciaram suas experiências. Chegaram à conclusão de que quanto mais frutas e verduras (até 7 porções) as pessoas consumiram, mas felizes, engajadas e criativas elas se sentiram.

 

Porque? Os autores da pesquisa ofereceram várias teorias. Entre elas está um conhecimento que raramente lembramos quando escolhemos o que comer no almoço: frutas e verduras contém nutrientes vitais que contribuem para a produção de dopamina, um neurotransmissor que tem um papel fundamental na experiência de curiosidade, motivação e engajamento. Eles também proporcionam antioxidantes que minimizam inflamação, melhoram a memória e o humor.

 

Isso enfatiza um ponto importante: se você está determinado a maximizar seu desempenho no trabalho, é essencial escolher seus alimentos de forma inteligente.

 

A boa notícia é que contrário ao que muitos de nós assumem, o segredo para alimentar-se de forma saudável não e resistir a tentação. É tornar a alimentação saudável a opção mais fácil e acessível.

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